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Pesquisa traça perfil da desigualdade em SP; estudo irá orientar novas políticas públicas
21/06/2018 | 16h34
Pesquisa traça perfil da desigualdade em SP; estudo irá orientar novas políticas públicas

A pobreza no estado de São Paulo, incluindo Limeira, caiu de 1991 a 2015, porém a desigualdade entre os mais pobres aumentou. Esse é o resultado de uma tese de doutorado da Unicamp, elaborada pelo demógrafo Pier Francesco De Maria. Parte do estudo foi apresentado na semana passada, no teatro Nair Bello, por meio de uma iniciativa do Ceprosom. Participaram do evento, assistentes sociais da Autarquia, integrantes da Secretaria de Educação, além de representantes da Drads (Diretorias Regionais de Assistência e Desenvolvimento Social) de Piracicaba e do Senac Limeira.

 

Para o trabalho, o pesquisador tomou como base dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), referente aos Censos de 1991, 2000 e 2010 e à Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do período de 1992 a 2015. Dentre os indicadores analisados, relativos a 11 regiões do Estado, estavam medidas multidimensionais de pobreza (que incluem renda, moradia, escolaridade e emprego, entre outros) e indicadores de desigualdade de renda. De todas essas áreas, a região de Campinas apresentou o maior nível de desigualdade. “O estudo revela que a desigualdade tem dinâmicas distintas em todo o Estado”, afirmou o demógrafo.

 

A população analisada na tese foi estratificada (seja para as medidas multidimensionais, ou para a renda per capita) em quatro grupos: “extremamente pobres” (renda abaixo de R$ 238,50); “pobres” (renda de R$ 238,50 a R$ 477); “vulneráveis à pobreza” (com renda de R$ 477,01 a R$ 1.962,06); e “não-pobres” (renda acima de R$ 1.962,06).

 

No caso das medidas multidimensionais, os parâmetros variavam de 0 a 1 (0,000 a 0,199 para os “não-pobres”, 0,200 a 0,339 para os “vulneráveis”, 0,340 a 0,499 para os “pobres” e acima de 0,500 para os “extremamente pobres”). Quanto mais próximo de zero os índices multidimensionais (ou quanto maior a renda per capita), maiores os sinais de “ausência de privações”. Por outro lado, quanto mais próximo de 1 (ou quanto menor a renda), maior a vulnerabilidade.

 

Os dados apresentados pelo demógrafo mostram que – ao comparar a realidade local com os municípios limítrofes – Limeira tem níveis de pobreza multidimensional próximos da média local, passando de 0,337 em 2000 para 0,239 em 2010. Além disso, houve aumento da renda per capita da população do município de Limeira, de R$ 1.094,3 em 2000 para R$ 1.401,5 em 2010, e redução da proporção de “pobres”.

 

Paradoxalmente, a renda dos “extremamente pobres” caiu, passando de R$ 136,8 em 2000 para R$ 92,3 em 2010. “Esse dado aponta que as políticas públicas adotadas no período não atacaram o cerne da pobreza”, frisou. Segundo dados levantados pelo autor da tese, Limeira tinha 27,4% de pobres e 8,5% de extremamente pobres em 2000, contra 14,0% de pobres e 2,3% de extremamente pobres em 2010. Isto significa, para o ano de 2010, ter quase 14 mil domicílios (cerca de 45mil pessoas) em condição de pobreza ou de pobreza extrema.

 

Ao apresentar resultados adicionais – oriundos do Cadastro Único – para o município de Limeira, De Maria mostrou que há diferenças importantes no perfil dos cadastrados, quando se observa se estes recebem ou não Bolsa Família. Entre os que são beneficiários, de 2013 a 2017, tem havido uma redução expressiva na proporção de ocupados e, dentre estes, há uma grande maioria trabalhando como autônomo. Os beneficiários têm, em média, 21 a 22 anos de idade, ou seja, são 12 a 13 anos mais novos que os não-beneficiários inscritos no Cadastro Único. “Isto mostra que o perfil da população atendida é bastante específico e demanda cuidados adicionais, se observarmos, por exemplo, que cerca de metade deles iniciou pelo menos o Ensino Médio. Considerando a atual conjuntura econômica, isso pode estar apontando para uma volta às condições de vulnerabilidade por pessoas que já tinham saído da pobreza”, comenta o demógrafo.

 

Segundo a presidente do Ceprosom, Maria Aucélia Damaceno, o estudo é importante para entender a pobreza e suas dimensões. “Esse trabalho pode orientar os formuladores de políticas públicas a estabelecer prioridades na implementação de serviços mais efetivos no combate à pobreza”, ressaltou. A diretora regional da Drads/Piracicaba, Maria Aparecida Ribeiro Germeck, por sua vez, também destacou que essas informações subsidiarão as discussões sobre as ações adotadas pelos municípios.

 

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