A “Alta Hospitalar Responsável” de vítimas de violência sexual foi o tema de uma reunião na semana passada, na sede da Prefeitura de Limeira (Edifício Prada), que envolveu diversos serviços voltados ao atendimento desses casos. A iniciativa partiu da vice-prefeita, Erika Tank, que articulou um projeto de lei sobre o procedimento, sancionado no ano passado pelo prefeito Mario Botion (Lei 6.639/2021).
“O objetivo do encontro foi ampliar o atendimento para avançarmos ainda mais no acolhimento às vítimas de violência sexual”, destacou a vice-prefeita. “Estamos atentos no sentido de ampliar cada vez mais as ferramentas de auxílio à mulher que é vítima de violência sexual, tanto nas ações preventivas quanto naquelas de acolhimento”, observou o prefeito Mario Botion.
Um dos tópicos em pauta foi a ampliação do acesso aos exames voltados às vítimas de violência sexual, como os testes rápidos para detecção do vírus HIV. “Atualmente, parte dos hospitais aqui de Limeira dispõem desses exames, mas queremos aumentar essa oferta”, frisou Erika Tank. A vice-prefeita informou que a Secretaria de Saúde também estudará a viabilidade de expandir esse serviço a outros locais, como a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 Horas do Abílio Pedro”.
O farmacêutico bioquímico do Serviço Especializado em Moléstias Infectocontagiosas (Semil), Ézio José Campos Filho, aprovou a iniciativa. “O teste rápido é importante para a tomada de decisão quanto ao tratamento que será direcionado à pessoa vítima de violência sexual”, enfatizou.
Segundo ele, caso a pessoa não tenha o vírus no organismo, é preciso iniciar, em até 72 horas, a administração de medicamentos que fazem parte do coquetel usado no tratamento da Aids. A medida visa evitar a infecção da vítima pelo HIV. Denominada Profilaxia Pós Exposição (PEP), essa estratégia é preconizada pelo Ministério da Saúde. Conforme o farmacêutico, é essencial que esses remédios sejam administrados ao paciente durante 28 dias, sem interrupções.
Segundo Erika Tank, o Semil - que é vinculado à Secretaria de Saúde e gerencia as ações relacionadas à PEP no município - passou a disponibilizar medicamentos do coquetel em quantidades extras às unidades que prestam esse serviço, em atendimento à Lei 6.639/2021. Essa ação foi adotada por orientação da Rede Elza Tank de Atendimento Integrado à Mulher em Situação de Violência, como forma de garantir o início e a continuidade do tratamento, caso a vítima procure o hospital à noite, em fins de semana ou feriados - período em que o Semil não tem expediente.
Nesse sentido, outra ideia em estudo é o aumento de locais capacitados a oferecer a PEP. Após avaliação da Secretaria de Saúde, a UPA 24 Horas poderá ser incluída nesse rol de serviços.“Estamos estudando a ampliação da disponibilidade dos medicamentos que compõem a PEP em mais unidades para ajustar o fluxo de atendimento à vítima de violência sexual, e assim, garantir maior rapidez de acesso aos exames e medicamentos necessários”, afirmou o assessor executivo da Secretaria de Saúde, Alexandre Ferrari.
O diretor da Defesa Civil e representante da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Civil, Anderson Martins, ponderou que as secretarias de Saúde e de Segurança são elos essenciais quando se trata de violência sexual. “É necessário que todas as partes envolvidas nessa rede estejam alinhadas, para que a pessoa não seja vitimizada mais uma vez. Martins comentou, ainda, que Limeira é referência no atendimento humanizado na área e que tem recebido a visita de diversos municípios do estado interessados em replicar essa política pública.
Também participaram da reunião, a assistente social do Ceprosom e coordenadora da Rede Elza Tank, Marina Alencar, a enfermeira da Humanitária, Samanta Kelly Braga, a ginecologista Renata Zaccaria (representando a HapVida e Humanitária), e as enfermeiras da Santa Casa, Eliana de Araújo Pinto e Dulcineia Martins.
