Em 28 de abril de 1969, uma explosão em uma mina no estado da Virgínia (EUA) matou 78 trabalhadores. O episódio desencadeou um amplo movimento em defesa da segurança e da saúde no trabalho. Décadas depois, mais precisamente em 2003, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) instituiu o dia 28 de abril como o Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho. A data foi referendada no Brasil pela Lei nº 11.121 de 2005, como Dia Nacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho.
Apesar da luta mundial em prol dessa causa, os acidentes ainda fazem um grande número de vítimas em todo o planeta. No Brasil, segundo o Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho (SmarthLab) - plataforma da OIT e do Ministério Público do Trabalho - foram notificados 4,5 milhões de acidentes de trabalho entre 2012 e 2018 (Catweb). Desse total, 16.455 resultaram em mortes. Os setores econômicos com o maior número de registros são as atividades de atendimento hospitalar (378.305 ocorrências); o comércio varejista, com predominância de produtos alimentícios (142.909 ocorrências) e a administração pública (119.273 ocorrências).
Em Limeira, conforme dados da Secretaria de Saúde, por meio da Divisão de Vigilância em Saúde do Trabalhador, a situação não é diferente, apesar da tendência de queda verificada ultimamente. No ano passado (2020), ocorreram 1.602 acidentes de trabalho no município, incluindo duas vítimas fatais. Os números revelam queda de 27,3% em relação a 2019, quando foram contabilizados 2.204 registros, sendo três óbitos. De janeiro a março deste ano (2021), foram 369 notificações, variação de 36,8% na comparação com o primeiro trimestre do ano anterior (2020), quando foram notificados 584 acidentes. Não houve óbitos de janeiro a março deste ano.
O chefe da Divisão de Vigilância em Saúde do Trabalhador (DVST), Thiago Pinho Barudy, observa que, localmente, não há como estabelecer com precisão os setores responsáveis pelo maior número de acidentes. Porém, ele destaca que na maioria dos casos, eles ocorrem em razão do desconhecimento das estratégias para prevenção de acidentes, da falta de proteção adequada em alguns tipos de máquinas e da carência de instrução aos trabalhadores.
A divisão coordenada por Barudy é responsável por inspecionar no âmbito municipal as condições de trabalho nos mais diversos setores econômicos. Já no sentido de promover ações preventivas e de melhoria no ambiente de trabalho, a DVST mantém reuniões mensais com o Grupo Gestor em Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora de Limeira. Esse grupo, conforme Barudy, é formado por sindicatos patronais e de trabalhadores, representantes do Ministério Público do Trabalho, Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), entre outros órgãos, que fazem o acompanhamento, controle e avaliação da política de saúde do trabalhador no município.
A coordenadora do Grupo Gestor em Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora de Limeira, Ivanice da Silveira Santos, destacou a importância da data, afirmando que ela não pode ser esquecida. “O investimento em ações de prevenção no ambiente de trabalho, por parte de empregadores e do poder público, são essenciais para que acidentes e mortes ocupacionais não ocorram mais”, disse.
Diante do cenário de pandemia de coronavírus, o diretor de Vigilância em Saúde da prefeitura, Alexandre Ferrari, ressalta a preocupação com os trabalhadores que estão na linha de frente do atendimento à saúde. “O monitoramento do uso de equipamentos de proteção individual de qualidade, assim como da saúde dos trabalhadores de linha de frente, deve ser rigoroso e constante nesse momento”, frisou.
